Vendas e inadimplência crescem em fevereiro, segundo indicador SPC Brasil

Apesar do aumento do gasto das famílias, economistas explicam que consumidor brasileiro, sobretudo o de classes mais emergentes, ainda não sabe lidar com o crédito

A inadimplência no comércio brasileiro em fevereiro cresceu +6,65%, na comparação com o mesmo mês de 2012, de acordo com dados do SPC Brasil (Sistema de Proteção ao Crédito) e da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas). Já o volume de vendas a prazo cresceu +11,23% no mesmo período, o maior pico dos últimos dez meses. O indicador leva em conta mais de 150 milhões de consumidores cadastrados, em 800 mil pontos de vendas espalhados por todo Brasil.

Para as lideranças do setor varejista, as políticas de incentivo ao consumo, embora tragam impacto positivo para o comércio, também contribuem para o crescimento das compras não planejadas. “Alta empregabilidade, crescimento salarial real, taxa de juros baixa e ampliação da oferta de crédito são fatores que favorecem o consumo. No entanto, as pesquisas apontam que o consumidor brasileiro, principalmente o das classes mais emergentes, ainda não sabe lidar com a grande oferta de crédito”, afirma o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior.

Já na comparação com janeiro de 2013, o índice de inadimplência apresentou ligeira retração de -1,03%. A queda no número de inclusões na base de dados, segundo técnicos da instituição, deve-se ao comprometimento do orçamento familiar com pagamento de despesas típicas de início de ano e de impostos como o IPTU e o IPVA. “Os gastos de começo de ano pesam no bolso do brasileiro, que passa a consumir menos. Consequentemente, diminui-se o número de compras a prazo, sobretudo as não planejadas, o que acarreta na queda da inadimplência”, explica a economista do SPC Brasil Ana Paula Bastos.

Vendas

Na comparação com fevereiro de 2012, o número de consultas apresentou crescimento de +11,23%. No acumulado do ano, o indicador SPC Brasil também fechou em alta: 7,50%. De acordo com a instituição, o mercado ainda se mostra muito favorável ao comércio, mantendo a trajetória apresentada ao longo de todo ano de 2012.

Segundo Ana Paula Bastos, a taxa de desemprego medida pelo IBGE ficou em 5,4% em janeiro deste ano, 0,1% menor do que a do mesmo mês do ano passado e o rendimento médio dos empregados cresceu 2,4% no mesmo período, atingindo R$ 1,8 mil. “O tripé alta empregabilidade, crédito farto e expansão da renda real aumenta o consumo e facilita a aquisição de produtos por meio de financiamentos e de empréstimos, o que impulsiona o comércio”, afirma.

Já na comparação entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2013, o número de consultas realizadas para compras a prazo e pagamentos em cheque caiu -4,07%. De acordo com o SPC Brasil, a retração é normal neste período do ano. “O mês de fevereiro normalmente apresenta uma queda nas vendas, por ter menos dias úteis que janeiro e contar com a comemoração do carnaval, quando a população destina sua renda para viagens e grande parte do comércio não funciona”, explica a economista Ana Paula Bastos.