Dívidas em atraso crescem em todas as regiões brasileiras, mostra indicador do SPC Brasil

Apenas as regiões sul e sudeste apresentaram altas mais modestas do que a média nacional. Quatro em cada dez devedores moram na região sudeste

No último mês de maio, o indicador regional de inadimplência do consumidor calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) registrou crescimento na quantidade de dívidas atrasadas em todas as regiões brasileiras. As regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste apresentaram crescimentos mais expressivos – de 7,81%, 7,03% e 6,86% respectivamente – se comparados à média nacional (6,70%), na base anual de comparação, ou seja, frente à maio do ano passado. Já as regiões Sudeste (6,09%) e Sul (6,06%) registraram percentuais menos elevados no crescimento de dividas não pagas.

A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, explica que o fato de as cinco regiões apresentarem crescimento no volume de dívidas não pagas corrobora a desaceleração da atividade econômica do país em conjunto com a piora dos indicadores macroeconômicos, o que reflete na capacidade de pagamento dos consumidores. “Fatores como a alta dos preços, o aumento do desemprego e as taxas de juros em patamares elevados devem apertar ainda mais o orçamento dos consumidores e manter as variações da inadimplência positivas até o fim do ano”, afirma a economista.

Dívidas por setor

Na comparação com maio do ano passado, o segmento de Água e Luz foi o setor que apresentou as variações mais acentuadas de dividas em atraso em duas das cinco regiões avaliadas pelo SPC Brasil: Centro Oeste, com alta de 29,18% e Sudeste, com crescimento de 17,49%. “O crescimento da inadimplência observado no segmento de serviços básicos em algumas regiões se explica pelo fato de que mais companhias de água e luz passaram a utilizar a negativação de CPFs como forma de recuperar pendências financeiras de seus consumidores, antes mesmo de realizar os cortes no fornecimento do serviço”, analisa Marcela.

Já no Norte e Nordeste, destacaram-se as variações das pendências de serviços de comunicação, como telefonia móvel e fixa, TV por assinatura e internet, com crescimento de 37,35% e 19,38%, respectivamente. “Os chamados ‘combos’, que unem internet, telefone e TV por assinatura, têm se popularizado no Brasil, mas muitos consumidores ainda não se planejam financeiramente para lidar com essas despesas e a quantidade de atrasos tem sido cada vez maior em várias partes do país”, explica a economista.

O crescimento das dívidas bancárias, que englobam cartão de crédito, financiamentos, empréstimos e seguros, foi mais expressivo na região Sul (11,39%), enquanto a alta dos atrasos no comércio se destaca no Centro-Oeste (2,70%).

Sudeste concentra mais inadimplentes

De acordo com os economistas do SPC Brasil, a participação de cada região no total de dívidas no país tem relação direta com a representatividade da região junto a população brasileira como um todo. A região sudeste, que responde pela maior parte do PIB e se destaca pela alta concentração populacional, é quem detém a maior fatia do número total de consumidores inadimplentes no país: 39,95%. Em seguida surgem as regiões Nordeste (25.94%), Sul (12,95%), Norte (8,84%) e Centro-Oeste (7,78%) no ranking de participação.

Metodologia

O indicador de inadimplência regional do consumidor sumariza todas as informações disponíveis nas bases de dados do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito). A abrangência é nacional, com informações de capitais e interior de todos os 26 estados da federação, além do Distrito Federal.