55% dos MPEs que pretendem investir em seus negócios querem aumentar o volume de vendas, mostram SPC Brasil e da CNDL
Indicador de Investimentos do micro e pequeno empresário de varejo e serviços registra 26,23 pontos em dezembro. 87% não têm intenção de contratar crédito nos próximos três meses
Dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes (CNDL) mostram que a intenção de investir dos micro e pequenos empresários (MPEs) pelos próximos 90 dias segue em patamar baixo: apenas 21,4% dos entrevistados pretendem fazer investimentos, sendo o aumento de vendas o objetivo apontado por 55,0% desses empresários. Outros motivos são a necessidade de atender a demanda (15,2%) e a adaptação da empresa a novas tecnologias (14,6%). Em dezembro, o índice atingiu 26,23 pontos, abaixo dos 27,00 pontos de novembro. Quanto mais próximo de 100, maior é a propensão desses empresários a investir e, quanto mais próximo de zero, menos propensos eles estão. Na variação anual com dezembro de 2015, houve uma estabilidade na demanda por investimentos, fazendo com que o índice passasse de 25,16 para 26,23 pontos.
Entre os que pretendem investir, o destino será principalmente para propaganda e mídia (29,8%), para a ampliação de estoques (28,6%), para a compra de equipamentos, maquinário e computadores (25,1%) e também para a reforma da empresa (24,0%). Para esses MPEs, o capital próprio aparece como o principal recurso. Mais da metade desses empresários (57,9%) usarão o dinheiro de poupança e investimentos. Outras opções ainda mencionadas são empréstimos em bancos e financeiras (18,7%) e a venda de algum bem (8,8%).
A maioria dos empresários, porém, não pretendem investir (70,7%) nos próximos três meses. Entre esses, 46,1% dizem não haver necessidade; 22,1% afirmam que o país ainda não saiu da crise e 15,2% apontam a falta de recursos e de crédito.
Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, diante de um cenário de incerteza, o investimento encontra dificuldade para avançar, e não só entre os micro e pequenos empresários. “Mesmo a melhora de confiança que se observou com mais evidência no segundo semestre de 2016 ainda não foi suficiente para alavancar o investimento nem encorajar o empresariado a buscar crédito”, afirma. Apesar dos ainda persistentes fatores de risco, a queda dos juros é boa notícia para o investimento que, no entanto, só deverá reagir mais à frente”, explica Kawauti.
87% também não contratarão crédito pelos próximos três meses
O SPC Brasil e a CNDL também calcularam a demanda por crédito dos micro e pequenos empresários e mostram que 87,2% não pretendem contratar pelos próximos três meses e apenas 6,5% admitem essa possibilidade. “Os dados mostram que, no espaço de um ano, houve pouco avanço na intenção das empresas de menor porte de contratar empréstimos ou recorrer a outras modalidades de crédito, a despeito das mudanças ocorridas no cenário político e econômico do país”, avalia a economista-chefe. O indicador de demanda por crédito do MPE permaneceu baixo ao longo de todo o ano de 2016, alcançando, no mês de dezembro, a marca de 12,3 pontos.
Quase metade dos empresários que não pretendem tomar crédito (49,4%) apontam o fato de conseguirem se manter com recursos próprios como justificativa. Destacam-se também as elevadas taxas de juros, apontadas por 17,6% desses empresários, e a insegurança com as condições políticas e econômicas do país, citada por 17,2%.
Para Kawauti, quando se trata de negócios menores, a dependência de recursos de terceiros é menor do que em grandes negócios, razão pela qual muitos desses empresários dizem manter-se com os próprios recursos. “O fenômeno constitui uma barreira cultural entre o crédito e o pequeno empresário, que ainda não vê esses recursos como um meio para expandir seu negócio. Para completar, os juros altos e a atividade econômica fraca constituem componentes adicionais para explicar a baixa demanda por crédito, ao elevar o custo do capital e reduzir a confiança dos agentes.”
Desde o início da série histórica, em maio de 2015, a intenção de contratar crédito não avança, com média próxima de 12,5 pontos. Contudo, há espaço para que a demanda cresça. “Metade dos que não pretendem contratar diz não ver necessidade, mas boa parte aponta fatores como insegurança diante da crise e altos juros, que são conjunturais. Com o devido planejamento, o crédito pode ser uma via de crescimento para os empresários que têm planos de investir”, indica o presidente da CNDL, Honório Pinheiro. “Políticas que reduzam o custo do crédito e retirem os entraves para contratação, sem aumentar o risco dos bancos, podem traduzir-se em oportunidade de expansão de muitos negócios”, conclui.