28% dos consumidores têm algum financiamento, mas quase a metade não sabe o número de parcelas a pagar, mostra pesquisa

Dois em cada dez consumidores que têm financiamentos não analisaram os juros e as taxas cobradas e 7,5% estão com o CPF negativado por causa de atrasos no pagamento das prestações

Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) nos 26 Estados e no Distrito Federal revela que 27,6% dos consumidores brasileiros possuem atualmente algum tipo de financiamento e que a principal finalidade para a contratação desse tipo de crédito é a aquisição da casa própria (41,1%) e a compra de um automóvel (36,5%). Outros motivos ainda mencionados são a compra de motocicletas (8,3%), a reforma da casa (7,4%) e a compra de móveis (5,8%). De acordo com o levantamento, sete em cada dez (71,0%) consumidores que tem financiamento atualmente recorreram a ele para realizar um sonho de consumo, mas quase a metade (45,6%), nem sabe ao certo o número de parcelas que terá de pagar até terminar de quitar a dívida.

Outra constatação da pesquisa é que muitos consumidores não tomaram cuidado antes de assumir um financiamento. Dois em cada dez (19,1%) entrevistados que tem esse serviço financeiro admitiram não ter analisado as tarifas e juros cobrados, sobretudo as pessoas da classe C (22,1%). De acordo com o levantamento, 17,0% dos consumidores que estão pagando um financiamento já tiveram o nome incluído em instituições de proteção ao crédito em razão de atrasos das prestações, sendo que 7,5% ainda se encontram nesta situação.

Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, ao adquirir um financiamento o consumidor deve avaliar o impacto desse compromisso não apenas no curto prazo, mas durante todo o período de contratação, tendo em vista que o estilo de vida e os hábitos financeiros podem sofrer mudanças, uma vez que a renda disponível é menor. “Um passo importante como esse exige preparação. Se não houver controle eficiente de gastos, disciplina e controle de compras não planejadas, a tendência é perder o controle sobre as parcelas”.

As instituições consideradas mais confiáveis para contratar um financiamento são os bancos (69,1%) – bem à frente das financeiras (7,9%), mas 54,3% dos entrevistados consideram altos ou abusivos os juros cobrados nesse tipo de operação. Para o educador financeiro do portal ‘Meu Bolso Feliz’, José Vignoli, “o consumidor que recorre ao financiamento precisa pesquisar bastante e analisar com atenção as condições oferecidas e as taxas de juros para garantir que a prestação seja condizente com o seu perfil financeiro. “Muitas vezes o consumidor não precisa buscar um financiamento para comprar um bem. Nesses casos, o indicado é poupar por um tempo e comprar à vista. Além disso, a pessoa precisa avaliar se o tempo do financiamento é adequado para aquele tipo de bem que ele deseja adquirir. No caso de um carro, por exemplo, não vale a pena financiá-lo por um tempo muito longo porque ele se desvaloriza rapidamente”.